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Segundo maior parceiro comercial, acordo EUA e Brasil está sob risco

Donald Trump, novo presidente dos Estados Unidos, ameaça Brics com tarifas ‘de 100%’ se substituírem o dólar como moeda oficial; EUA é o segundo maior parceiro comercial do Brasil

Segundo maior parceiro comercial, acordo EUA e Brasil está sob risco!

Donald Trump, novo presidente dos Estados Unidos, ameaça Brics com tarifas ‘de 100%’ se substituírem o dólar como moeda oficial; EUA é o segundo maior parceiro comercial do Brasil
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu neste sábado (30) que os países membros do Brics se comprometam a não criar uma nova moeda ou apoiar outra moeda que substitua o dólar, sob pena de sofrerem tarifas de 100%. A publicação foi feita através do X, antigo Twitter, e repercutiu bastante nas últimas horas. Republicano e marcado por fortes declarações.
“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics, nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, escreveu Trump em sua rede social, Truth Social.
“Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance dos Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos”, acrescentou Trump..
As declarações vem depois do bloco ventilar que desejam reduzir sua dependência dos Estados Unidos e das instituições financeiras internacionais, os Brics+ estão, portanto, buscando “desdolarizar” suas economias. Esse é particularmente o caso de países como a Rússia e o Irã, que estão sob fortes sanções dos EUA.
A cúpula do Brics, bloco composto por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, anunciou recentemente a ampliação de seus membros. Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã e foram convidados a se unir ao grupo. O Brics não é um bloco econômico propriamente dito, mas sim um mecanismo internacional de atuação das principais economias emergentes do mundo atual.
O fortalecimento do grupo, que agora representa pouco menos da metade da população mundial e quase um terço do PIB do planeta, deve permitir que ele continue a exigir um mundo multipolar e uma ordem internacional mais justa. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial ainda dependem muito do dólar. E a China, por exemplo, a segunda maior economia do mundo, não tem um direito de voto equivalente ao seu peso.
Ficou acordado que os bancos centrais e ministérios da Fazenda e Economia de cada país ficarão responsáveis por realizar estudos em busca da adoção de uma moeda de referência do bloco para o comércio internacional.

EUA e Brasil são grandes parceiros comerciais

A declaração de Trump é temerária, dentre outros motivos, em razão da longeva relação comercial entre os dois países. Em 2023, as exportações brasileiras ao território norte-americano somaram US$ 36,9 bilhões. Embora seja um valor considerável, o montante representa cerca de um terço do total comprado pela China no ano passado, que foi US$ 104,3 bilhões.
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). À época, a China desbancou os EUA e tornou-se o maior comprador de produtos brasileiros. Atualmente, a terra do “Tio Sam” é o segundo maior importador de mercadorias nacionais.
Há um certo temor nos EUA com o fortalecimento dos Brics. A entrada de novos membros no grupo pode alterar significativamente a dinâmica comercial entre Brasil e EUA, à medida que ele se expande e ganha maior relevância geopolítica e econômica.
Felipe Vasconcellos, sócio da Equss Capital, argumenta que uma percepção de alinhamento brasileiro com regimes ou países considerados antiocidentais pode resultar em sanções ou restrições comerciais, prejudicando setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio e a exportação de matérias-primas.
Além disso, a ampliação dos Brics também pode influenciar a política monetária do Brasil. “Com a entrada de novos membros, o bloco pode pressionar por uma maior utilização de moedas locais nas transações comerciais entre os países membros, reduzindo a dependência do dólar americano. Isso poderia impactar a política de câmbio do Brasil e até mesmo influenciar decisões sobre reservas cambiais e a política de juros”, esclarece.
Essa transição para moedas locais, porém, não é simples, já que o dólar ainda domina o comércio internacional.
Por fim, a diversificação de parcerias comerciais dentro dos Brics poderia reduzir a dependência do Brasil em relação ao mercado americano, mas essa estratégia tem seus desafios. O principal deles é que o mercado americano ainda representa uma fonte significativa de investimento e inovação tecnológica, essenciais para a modernização da economia brasileira.

Estudo aponta recorde histórico de empresas brasileiras exportando para os EUA

Os Estados Unidos se consolidam como o principal destino de produtos industrializados brasileiros, com 9.553 empresas exportadoras em 2023, o maior número em 200 anos de relações entre os dois países. O estudo “Brasil-Estados Unidos: Um Comércio Exterior de Destaque”, realizado pela Secretaria de Comércio Exterior do MDIC e a Amcham Brasil, revela que empresas que exportam para os EUA pagam melhores salários e empregam mais mulheres.

Em 2023, as exportações de manufaturas brasileiras para os EUA atingiram US$ 29,9 bilhões, destacando-se como o principal mercado para essa categoria de produtos. Desde 2002, os Estados Unidos mantêm a liderança no ranking de países destino das exportações brasileiras em termos de número de empresas. O único bloco econômico que supera os EUA nesse quesito é o Mercosul, devido ao livre-comércio estabelecido na região, que conta com 11.253 empresas exportadoras. Outras regiões analisadas no estudo incluem a União Europeia, com 8.496 empresas brasileiras exportando para lá, e a China, com 2.847.

O crescimento das exportações para os EUA é um fenômeno observado em todas as regiões do Brasil nos últimos cinco anos (2019 a 2023). O Centro-Oeste lidera com uma taxa de crescimento de 40,4%, seguido pelo Sul (22,4%), Sudeste (22,1%), Nordeste (21,3%) e Norte (9,5%).

Embora os Estados Unidos tenham perdido para a China, em 2009, a posição de principal importador dos produtos brasileiros, o mercado norte-americano permanece como o maior destino das exportações de bens industrializados nos últimos nove anos, incluindo produtos de alta tecnologia. Em 2023, as exportações de manufaturas brasileiras para os EUA totalizaram US$ 29,9 bilhões, superando o bloco europeu (US$ 23,5 bilhões) e o Mercosul (US$ 19,4 bilhões).

No segmento de alta tecnologia, as exportações brasileiras para os EUA representaram, em média, 47,7% do total entre 2001 e 2023. A presença histórica de empresas norte-americanas no Brasil é um dos fatores que explicam essa intensa relação comercial.

Em quatro das cinco regiões brasileiras, os Estados Unidos – individualmente como país – são o destino para o qual há o maior número de empresas brasileiras exportadoras, sendo a Região Sul a única exceção. No caso das importações, o país é o segundo maior para todas as regiões. Nos últimos cinco anos (2019 a 2023), todas as regiões brasileiras apresentaram crescimento no número de empresas que exportam para os Estados Unidos.

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