Sindicato da Aviação Agrícola apresentou plano estratégico até 2025.
O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) deve anunciar nos próximos dias seu planejamento estratégico do setor aeroagrícola para os próximos três anos.
O roteiro prioriza o incremento exponencial do mercado de drones agrícolas e a necessidade de digitalização de todos os processos administrativos nas empresas.
Entre as metas apontadas já para o primeiro semestre do ano que vem, está auxiliar na regulamentação de 300 empresas de drones de pulverização. Outro objetivo é associar pelo menos 200 dessas delas até o final do ano que vem – isso no universo de 400 novas empresas entrando no mercado, conforme levantamento do Sindag.
Para atrair esses novos empreendedores, a entidade aeroagrícola oferece, por exemplo, a expertise de suas equipes de apoio, documentação e regulamentação. Todas estruturadas a partir do plano estratégico de 2018 a 2022.
Sobre a digitalização, o foco é incentivar as empresas que ainda não aderiram a essa tendência a eliminarem papéis e ampliarem o uso de ferramentas de gestão. Isso tanto para garantir competitividade, quanto atestar a segurança.
Nesse caso, de olho também o processo de digitalização que ocorre na parte governamental e nas entidades reguladoras. Destaque aí para a o prazo até 31 de dezembro para que todos os operadores aeroagrícolas estejam na plataforma do Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários (Sipeagro), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Além disso, o próprio Mapa está entre os beneficiados pela chamada pública da Finep (que vai até o dia 12) para um sistema de inteligência artificial que agilize a tomadas de decisões e a fiscalização sobre o setor aeroagrícola.
Falando em regulação, tanto o Sindag quanto o Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag, cujo presidente Júlio Augusto Kämpf também participou da reunião em São Paulo, nos dias 25 e 26) estão focados também na atualização do regramento da atividade.
Saiba mais: Embrapa comprova eficiência dos drones para pulverização
Como ocorreu, até abril, na consulta pública da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a nova regulamentação de drones Classe 2 – de peso máximo de decolagem entre 25 e 150 quilos.
Nesse sentido, as duas entidades aeroagrícolas também estão acompanhando (e incentivando os operadores e profissionais do setor a participarem da consulta) o processo atualização do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) nº 137, em andamento junto à Anac.
Conforme o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, o desafio é semelhante ao que foi o processo de elaboração da regulamentação para os drones agrícolas – que vale desde outubro do ano passado, pela Portaria 298/2021, do Mapa. “Ou seja, garantir a segurança das pessoas e do meio ambiente, mas com bom senso. Para que não se anule a eficiência da ferramenta.”
Segmento de drones em expansão
Consultor Jéferson Emilio de Souza, da Aport Empresarial, foi quem coordenou os trabalhos dos dirigentes aeroagrícolas. Segundo ele, o roteiro nos dois dias de discussões começou por uma análise da diversidade e perspectivas do setor para um horizonte de três anos.
O mapa estratégico do mercado aeroagrícola considerou ainda a metas e seus desdobramentos em todos os projetos e ações. “Ficou evidente a importância da aviação agrícola para o País, inclusive para a construção de um agronegócio seguro e sustentável”, destaca o consultor. “A execução é que vai fazer a diferença, mas sem dúvida, estamos colocando o setor em um outro patamar”, resume Souza.
Segundo o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, o objetivo em reduzir o tempo do planejamento é ser o mais assertivo possível nas ações junto ao mercado. E entre novos produtos, serviços e metas para os próximos triênio, a evolução dos drones é um dos principais destaques.
“O segmento de aeronaves não-tripuladas é um mercado novo, mas que deve se expandir muito”, ressaltou. Além disso, a estratégia é continuar fortalecendo as relações institucionais e a comunicação. “Queremos ampliar o protagonismo do setor no agronegócio, baseados na credibilidade construída nos últimos anos.”
“O Sindag tem estado no caminho certo ao permanecer cada vez mais próximo dos associados e mostrando que o setor precisa se capacitar continuamente para aumentar sua competitividade”, acrescenta a conselheira Hoana Almeida dos Santos. Para sublinhar essa percepção empresária destaca também o trabalho das assessorias da entidade no apoio à gestão e aperfeiçoamento das empresas, além de representar na busca pela desburocratização da atividade.
Potencial da pulverização aérea
Governança colaborativa, abertura ao diálogo e a geração de pesquisas e inovações que fortaleçam o setor para gerar maior competitividade para as associadas e uma percepção positiva da imagem do setor.
Esses são pontos que seguem em destaque no Planejamento Estratégico para o setor aeroagrícola – que agora tem prazo mais curto, de três anos. Isso devido ao novo dinamismo das relações institucionais, somado aos processos em andamento para atualização no regramento da atividade.
Mais o olhar mercadológico, já que, apesar do Brasil ter a segunda maior e uma das melhores aviações agrícolas do planeta, ela ainda é responsável por algo entre 25% e 30% do trato de lavouras no País. O restante fica com os equipamentos terrestres (tratores e pulverizadores costais)
Horizonte de crescimento potencializado também pelas perspectivas das principais lavouras atendidas pela ferramenta aérea. Onde a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, vinculada ao Ministério da Agricultura) anunciou no dia 24 de agosto uma produção de 308 milhões de toneladas de grãos na safra 2022/23. Do total, 90% desse volume (294,3 milhões de toneladas) das cinco principais culturas do País: milho, soja (com novo recorde), arroz, feijão e algodão.
Lembrando também a influência indireta na produção de 29,3 milhões de toneladas carne para 2023 (incremento de 3,1 %), já que boa parte da produção de soja e milho é destinada à alimentação animal. E somando ainda a expectativa de produção de 572,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no mesmo período. Lavoura, aliás, que tem um forte apelo ambiental, pelo etanol substituindo os combustíveis fósseis – e que reduz em média 89% a emissão de gases do efeito estufa.
Outra aposta do setor é na maior participação dos aviões agrícolas nas operações de combate a incêndios em reservas naturais e lavouras pelo País. Tanto pelo protagonismo que a ferramenta tem experimentado nos últimos anos, quanto pela sanção, no último mês de julho, da Lei Federal 14.406/2022, que inclui o uso da aviação agrícola nas políticas do governo para o combate a incêndios florestais.
Plataformas digitais
Os dirigentes aeroagrícolas comemoram os acertos do primeiro Planejamento Estratégico, que cobriu o quinquênio de 2018 a 2022. Principalmente na aposta em plataformas digitais para incrementar os programas de aperfeiçoamento e melhoria contínua – que foi essencial para durante as restrições da pandemia da Covid 10, entre 2020 e o ano passado.
As ferramentas da internet também deram força ao trabalho de aproximação institucional do Sindag com entidades parcerias, universidades, agências governamentais e outras instituições. Ampliando também o seu trabalho de melhoria contínua.
Destaque aí para o fortalecimento das Academias do Sindag (de Segurança de Voo, de Manutenção e de Tecnologias de Aplicação), a realização do MBA em Gestação, Inovação e Sustentabilidade Aeroagrícola e o programa Boas Práticas Aeroagrícolas (BPA) Brasil.