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Rio Piracicaba: despejo de poluentes pode comprometer piracema

Noventa e oito toneladas de material orgânico foram retiradas do Rio Piracicaba, grande parte composta por peixes mortos

Rio Piracicaba: despejo de poluentes pode comprometer piracema

Noventa e oito toneladas de material orgânico foram retiradas do Rio Piracicaba, grande parte composta por peixes mortos

Rio Piracicaba Tanquã

O desastre ambiental na bacia do Rio Piracicaba, que atingiu a comunidade do Tanquã e provocou a mortandade de peixes, pode ter comprometido a piracema, período de reprodução das espécies.

A informação vem de um relatório técnico produzido por pesquisadores do Instituto de Pesca, divulgado pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC).

Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), citada pela APqC, resíduos despejados por uma usina sucroenergética na água do córrego Tijuco Preto provocou a mortandade dos peixes.

Noventa e oito toneladas de material orgânico foram retiradas do Rio Piracicaba, grande parte composta por peixes mortos. Este desastre afetou o maior afluente em volume de água do Rio Tietê.

“As consequências desse evento poderão persistir por um longo período, uma vez que uma importante parcela da biomassa dos peixes presentes não completará seu ciclo reprodutivo”, afirma um trecho do relatório do Instituto de Pesca, ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

“As usinas de açúcar e álcool, indústria de papel e celulose, indústria têxtil, para citar algumas, não estão comprometidas com tratamento dos efluentes, resultando em aumento substancial da demanda bioquímica por oxigênio e sujeitando o ecossistema aquático a eutrofização e a hipereutrofização, esta última, relacionada diretamente à mortandade em massa de peixes”, mostra o documento.

Os autores do relatório destacam que é preciso “quantificar e reparar os danos causados aos pescadores residentes na comunidade do Tanquã e as demais comunidades dependentes destes recursos”, além de recuperar a biodiversidade aquática. Para eles, novos estudos na região do desastre são necessários para orientar políticas públicas.

“Infelizmente o estrago está feito, mas é possível evitar que ele se repita se houver investimento em pesquisa pública, além de fortalecimento do sistema ambiental paulista, que atualmente enfrenta um desmonte sistemático, com extinção de institutos e a intenção de entregar áreas de pesquisa e conservação para serem exploradas comercialmente”, comentou em nota a presidente da APqC, Helena Dutra Lutgens.

“Este caso do Tanquã é uma demonstração prática da necessidade de se ter instituições de estado fortes e compromissadas com os interesses da sociedade, para que os responsáveis pelo desastre sejam identificados, punidos e obrigados a fazerem a reparação, seja ambiental ou social, porque há famílias de pescadores atingidas”, acrescentou Lutgens.

O mais recente levantamento feito na região do desastre, concluído em 2010, e citado no relatório, identificou 22 famílias, mas este número pode estar desatualizado.

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