Os produtores rurais do Brasil movimentam um complexo econômico que gera o triplo de seu próprio valor, afirmou Xico Graziano*, em sua coluna ao Poder 360. Até setembro de 2023, o agronegócio representava 1/4 do PIB brasileiro
Conforme ela mesma coloca, no prefácio, “A concept of Agribusiness” é um estudo icônico e atemporal. As máximas dos professores John Davis e Ray Goldberg, embora ocorridas muito antes do fenômeno geopolítico da globalização, são pilares para o entendimento da relação entre produção, comércio internacional e os vários atores da engrenagem do agronegócio moderno.
Posso dizer que, como professor, vivenciei essa história ligada à evolução do conhecimento na economia rural. Antes, nós lecionávamos sobre o “meio rural”. Agora, tratamos do “agronegócio”. Mudou o foco de nossas análises.
Quem, inicialmente, trouxe para o Brasil o conceito pioneiro de “agribusiness” foi Ney Bittencourt de Araújo (1936-1996), então presidente da Agroceres, uma empresa nacional que ultrapassava seus limites comerciais.
Ney, um visionário tanto quanto, especialmente, Ray Golberg, liderava uma equipe brilhante de técnicos e estudiosos da agricultura brasileira que fazia da Agroceres um centro de excelência. Organizava seminários e, inclusive, publicava livros, como o vanguardista “Complexo Agroindustrial: o agribusiness brasileiro” (1990).
Influenciados pelo novo enfoque, que iria mudar o paradigma da economia rural, começamos na universidade a prestar mais atenção naquelas relações que vinculavam a economia rural à economia em geral. “Agroindústria” foi o primeiro termo mais amplo utilizado para explicitar a mudança que andava ocorrendo na sociedade agrária.
Nesse contexto, passamos a considerar não mais a agricultura isoladamente, mas o complexo agroindustrial que a cercava, incluindo o rico conceito das cadeias produtivas que, metodologicamente, nos obrigavam a considerar os elos que, do início ao fim, participavam da corrente de geração de valor originado na terra.
Quanto mais a modernização tecnológica do campo prosseguia, juntamente com a urbanização do país e a globalização mundial, mais ficava claro a importância da visão futurista formulada por Davis e Goldberg. Eles jogaram uma luz no andar da civilização.
Antigamente, nossos bisavós lavravam a terra e criavam os animais isolados lá na roça. Faziam sua própria linguiça e o queijo, o ovo se buscava no ninho do galinheiro, o frango caipira morria na hora certa. Produziam feijão e arroz, e a mandioca, para extrair a farinha; o milho era o grão que alimentava a bicharada, incluindo os cavalos e burros de serviço.
- Insumos: 5,5%
- Primário: 27,5%
- Agroindústria: 23,5%
- Agroserviços: 43,5%