Além do clima desfavorável e da retração da China, desvalorização do dólar intensifica pressão sobre exportadores de grãos
![](https://news.shopdoagro.com.br/wp-content/uploads/2025/01/exportadores_de_graos-206506-1.webp)
O agronegócio brasileiro começou 2025 enfrentando uma série de desafios no mercado global.
As exportações de grãos estão sendo impactadas por fatores internos e externos, desde mudanças climáticas até oscilações cambiais e retração da demanda chinesa.
O câmbio é um fator que complica o cenário para os exportadores brasileiros. O dólar registrou a nona queda consecutiva, atingindo seu menor valor em mais de dois meses.
Ontem, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,85, com recuo de 0,24%. Em janeiro, a desvalorização acumulada já chega a 5,27%.
Embora um dólar forte favoreça as exportações ao tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, sua recente desvalorização reduz a rentabilidade dos produtores, que vendem em moeda estrangeira, mas arcam com custos em reais. Isso adiciona mais pressão sobre a cadeia produtiva, já afetada pelo aumento dos custos operacionais.
Clima adverso complica produção
![](https://news.shopdoagro.com.br/wp-content/uploads/2025/01/safra_rs_verao_0.webp)
China reduz importações e aumenta protecionismo
A China, principal compradora dos grãos brasileiros, tem adotado uma postura mais protecionista, o que preocupa os exportadores.
Além da desaceleração econômica interna, que reduz a demanda por commodities agrícolas, o governo chinês impôs novas restrições fitossanitárias.
Neste ano, a Administração Geral de Alfândega da China (GACC) suspendeu as importações de soja de cinco empresas brasileiras, alegando contaminação química e presença de pragas. Entre as afetadas estão Cargill, ADM e Olam.
Embora o impacto imediato seja contido, a medida reforça a necessidade de rigor na qualidade dos produtos para evitar bloqueios futuros.
Apesar da suspensão temporária, o governo brasileiro garante que os volumes totais de soja exportados para a China não serão afetados.
“Vale reforçar que outras unidades das empresas notificadas seguem exportando normalmente para a China”, informou o Mapa em nota na semana passada.
Segundo a BIMCO (Baltic and International Maritime Council), as importações de grãos do gigante asiático caíram 51% em janeiro para o menor nível desde 2018.
![](https://news.shopdoagro.com.br/wp-content/uploads/2025/01/241203_sitelogistica_ivan_bueno_porto_paranagua.webp)
A análise da BIMCO mostra que os impactos variam entre os principais exportadores. O Brasil, que representa 47% dos embarques, registrou uma queda de 29%, enquanto as cargas dos Estados Unidos, que correspondem a 22% das exportações, diminuíram 57%
No último ano, a China importou 73 milhões de toneladas de soja do Brasil, representando 70% do total exportado pelo país.
Entretanto, a importação de outros grãos, como milho e trigo, apresentou queda significativa em 2024. As compras chinesas de milho recuaram 49,7% em relação a 2023, enquanto as de trigo diminuíram 7,6%, refletindo a menor demanda e estratégias de diversificação de fornecedores.
Regulamentações ambientais
Outro desafio crescente para os exportadores de grãos é a implementação da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), que entra em vigor em 2025.
A medida exige que os produtores brasileiros comprovem a sustentabilidade de suas operações, com rastreabilidade detalhada da cadeia produtiva. Embora o Brasil tenha até dezembro para se adequar, a nova exigência representa um custo adicional para o setor e pode afetar o volume de exportações.
Perspectivas para o setor
Diante desse cenário complexo, o agronegócio brasileiro precisa equilibrar oportunidades e desafios. A demanda externa por commodities segue forte, mas os produtores enfrentam custos elevados, volatilidade cambial e riscos climáticos.