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Após 20 anos de debates, Brasil implementa Plano Nacional de Rastreabilidade Bovina

Rastrear a origem do gado não é conversa de hoje no mundo. No Brasil, muito menos. Mapa lança Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búbalos e diz que vai rastrear seus 230 milhões de bovinos.

Após 20 anos de debates, Brasil implementa Plano Nacional de Rastreabilidade Bovina.

Rastrear a origem do gado não é conversa de hoje no mundo. No Brasil, muito menos. Mapa lança Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búbalos e diz que vai rastrear seus 230 milhões de bovinos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou nesta terça-feira (17) o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búbalos (PNIB), que promete modernizar a rastreabilidade do rebanho brasileiro. A iniciativa, aguardada há duas décadas, será implementada de forma gradual até 2032 e tem como principal objetivo atender às exigências dos mercados internacionais e garantir maior segurança sanitária.

 O PNIB representará um marco histórico para a pecuária nacional, que, apesar de sua importância global, carecia de um sistema padronizado e obrigatório de rastreabilidade individual. O plano começará a ser desenvolvido a partir de 2025 e prevê identificação individual de todo o rebanho bovino e bubalino brasileiro até 2032.

O que é o PNIB e como ele funciona?

 O Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búbalos tem como proposta monitorar e registrar o histórico, a localização e a trajetória de cada animal individualmente. O sistema utilizará dispositivos de identificação, como brincos eletrônicos e bottons com chip, seguindo o padrão ISO 076 – código internacional de rastreabilidade para a carne.

Como será a identificação dos animais?

 Os identificadores deverão ser aplicados antes da primeira movimentação do animal e serão invioláveis. Os dispositivos aceitos são: 

Brinco eletrônico;

Botton eletrônico; 

Brinco do tipo bandeira + botton com chip;

Brinco do tipo bandeira + botton sem chip.

Os dados serão registrados em uma Base Central de Dados, com acesso a informações como:

Espécie e sexo;
Data de nascimento e identificação;
Origem e destino em movimentações;
Guia de Trânsito Animal (GTA).
 

Cronograma de implementação

 A implementação do PNIB ocorrerá em quatro etapas, com prazo final em 2032:
 
 Etapa 1 (2025): Desenvolvimento do sistema informatizado e da Base Central de Dados em nível federal.
 Etapa 2 (2026): Integração dos órgãos estaduais de sanidade agropecuária ao sistema.
 Etapa 3 (2027-2029): Identificação obrigatória inicial dos animais, iniciando por aqueles vacinados contra brucelose e incluídos em protocolos privados.
 Etapa 4 (2030-2032): Implementação em larga escala, tornando obrigatória a identificação para 100% do rebanho brasileiro.

Benefícios para a pecuária brasileira com a rastreabilidade

 O PNIB foi amplamente elogiado por representantes do setor. Segundo Roberto Perosa, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), a rastreabilidade individual moderniza o setor, fortalece a confiança dos mercados internacionais e permite respostas rápidas a eventuais emergências sanitárias:
Para os pecuaristas, a rastreabilidade individual também traz benefícios como gestão eficiente do rebanho e ganho de valor financeiro, especialmente com a maior valorização da carne rastreada em mercados internacionais exigentes
Impacto no mercado internacional
 O exemplo do algodão brasileiro, que se tornou o maior exportador mundial após implementar 100% de rastreabilidade, serve como inspiração. O PNIB coloca o Brasil em posição de destaque, reforçando sua imagem como fornecedor líder de carne bovina para mais de 150 países.

Desafios e adaptação dos produtores ao Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búbalos

 Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para os desafios da implementação, principalmente para pequenos produtores. Segundo Fernando Sampaio, diretor de sustentabilidade da Abiec, serão necessários esforços públicos e privados para apoio e capacitação:

Estados como Santa Catarina, Pará e São Paulo já se anteciparam com programas estaduais de rastreabilidade, facilitando a transição para o sistema nacional.

 O PNIB é um passo histórico e estratégico para a pecuária brasileira, alinhando o setor às exigências internacionais e garantindo maior segurança sanitária. Com um cronograma bem definido, o plano oferece tempo de adaptação para os produtores, mas também traz um claro potencial econômico, com a promessa de valorização da carne rastreada no mercado global.
O Brasil, que é hoje o maior exportador de carne bovina do mundo, tem a oportunidade de consolidar sua liderança, reforçando sua reputação de qualidade e transparência.

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