As mulheres como verdadeiras cultivadoras das sementes e da vida
Neste Dia das Mães, uma homenagem às mulheres do campo que, com força, intuição e resiliência cultivam a história da agricultura no Brasil
Na história da humanidade, foram as mulheres que deram início à agricultura, domesticando animais e observando os ciclos da natureza com a mesma paciência de quem aguarda nove meses para gerar uma criança no ventre. As mulheres são as verdadeiras mães da Terra. Há 10 mil anos, no período Neolítico, enquanto os homens saíam em busca da caça, as mulheres tornaram-se as verdadeiras cultivadoras de sementes e da vida, ajudando a alimentar civilizações inteiras.
“Da inteligência das mulheres, descobriu-se que algumas sementes nasciam e outras serviam para comer. Daí surgiu a agricultura, as colheitas, a fartura”, conta a agricultora Selene Hammer Tesch. Ela é embaixadora da campanha #MulheresRurais, Mulheres com Direitos, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU). As mulheres são, portanto, descendentes diretas das primeiras agricultoras do mundo, cultivadoras das sementes e da vida.
No Brasil, esse papel se reafirma desde a chegada dos primeiros imigrantes, quando as mães guerreiras da roça cuidavam da lavoura e da família, mesmo em condições adversas. A partir da década de 1970, muitas dessas mulheres migraram com suas famílias para o Cerrado, desbravando terras e recomeçando a vida com força, coragem e fé. Essas mulheres do campo ajudaram a transformar o improvável em realidade — e seguem fazendo história.
Algumas herdaram fazendas e as transformaram em grandes empresas do agronegócio, tornando-se líderes e empreendedoras em um dos setores mais estratégicos do país. Outras seguem firmes nos minifúndios familiares, onde acumulam múltiplas funções: gestoras, agricultoras, educadoras e cuidadoras.
A mulher está no campo e em casa, na luta diária por um futuro melhor. Com os olhos voltados para o céu e para a terra, para os filhos e para a lavoura, cria intimidade com a tecnologia sem perder a intuição — esse aparato tecnológico ancestral que faz parte da sua essência mais pura. Ser mulher é estar naturalmente conectada com a terra e a produção. É o cruzamento perfeito entre força e sensibilidade. A resiliência para esperar a vida e as safras é um gene presente, que traz relevância e pluralidade. Antes anônimas, agora são reconhecidas. Sempre foram essenciais.
Neste Dia das Mães, o campo brasileiro presta homenagem às mulheres rurais que sustentam, silenciosamente, a agricultura e a família. São mães agricultoras, esposas, filhas e avós que, ao longo da história, têm sido a espinha dorsal da produção de alimentos no país. Heroínas anônimas que não surgiram agora. Sempre estiveram lá.
O Brasil precisa olhar para o campo com mais respeito, mais investimento e políticas públicas que fortaleçam o protagonismo feminino rural. Porque, sem elas, não teríamos passado. Muito menos futuro. Afinal, é do assoalho pélvico da mulher que nascem todas as gerações do mundo. Como sempre diz o professor José Luiz Tejon: “Metade do planeta é mulher. E a outra metade são os filhos da primeira”.
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