Os números impressionantes provenientes da última edição da festa em Barretos evidenciam um impacto econômico significativo não apenas na própria cidade, mas em toda a região circundante. De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Turismo e Viagens do governo paulista, o impacto direto e indireto atingiu a marca de R$ 1,24 bilhão em 2022.
Durante o evento, a demanda por acomodações atingiu níveis extraordinários, com hotéis operando em capacidade máxima. Os preços dos quartos dispararam, ultrapassando a marca de R$ 1.100 por dia, um aumento considerável em comparação com os valores praticados durante outros períodos do ano.
O Barretos Park Hotel, localizado dentro do próprio recinto da festa, foi reservado integralmente por uma cervejaria e hospedou visitantes de várias partes do Brasil e até mesmo dos Estados Unidos. Esse fenômeno não é exclusivo de Barretos: rodeios em diferentes estados, como São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul, também contribuem significativamente para o setor.
Adriano Santos, consultor em turismo e gerente do hotel, ressaltou que metade das reservas são feitas com um ano de antecedência, refletindo o grande interesse e a demanda contínua por eventos desse tipo. Jerônimo Muzetti, presidente da CNAR e ex-presidente da associação Os Independentes, que organiza a festa de Barretos, observou que os rodeios têm experimentado um ressurgimento nos últimos anos, impulsionando não apenas o turismo, mas também a economia local e regional.
Em Ribeirão Preto, o Ribeirão Rodeo Music estabeleceu um novo recorde de público, atraindo 160 mil pessoas durante sua 17ª edição, com um espaço 30% maior do que o do ano anterior.
Dezenas de municípios menores decidiram retomar as festas de peão este ano. Em Américo Brasiliense (SP), o rodeio voltou a ser realizado após um hiato ainda maior, de seis anos, aumentando a presença desses eventos em solo paulista.
No entanto, organizar um evento desse porte não é uma tarefa barata. Segundo a CNAR, uma festa de pequeno porte, apenas com atrações locais, exige um investimento mínimo de R$ 200 mil, enquanto uma festa de médio porte facilmente ultrapassa os R$ 3 milhões em estrutura.
Os cachês dos artistas no auge da carreira custam em média de R$ 500 mil a R$ 700 mil, de acordo com empresários do setor, mas também há shows milionários, que se tornaram alvo de investigações, como ocorreu na “CPI do sertanejo” em 2022. Diante desses altos custos, as prefeituras muitas vezes buscam apoio da iniciativa privada para viabilizar os festivais.
Um exemplo disso é a Prefeitura de Severínia (SP), que no ano passado abriu uma chamada pública em busca de patrocinadores para o evento, com um custo total de R$ 150 mil.
Jerônimo Muzetti, presidente da CNAR, comentou sobre o cenário atual: “Se a economia estivesse em melhor situação, poderíamos ver um avanço maior no número de eventos, mas mesmo assim estamos em um bom momento.”
Para os competidores, Barretos reserva a distribuição de cerca de R$ 1 milhão em prêmios, com destaque para os R$ 200 mil concedidos ao campeão de montarias em touros no Barretos International Rodeo, o primeiro evento internacional do país que impulsionou a festa nos anos 1990.