A exportação total de café do Brasil deverá atingir um volume recorde no ano comercial 2023/24 (julho/junho), conforme estimativa do diretor comercial da Eisa, um dos cinco maiores exportadores de café do país. O diretor-geral do Conselho de Exportadores de Café (Cecafé) também apontou que o Brasil está no caminho para alcançar uma nova máxima, aproveitando a menor oferta de países como Vietnã e Indonésia.
Em entrevista à Reuters durante o Seminário Internacional do Café, em Santos, Carlos Alberto Santana, diretor comercial da Eisa, estimou a exportação total de café do Brasil, maior produtor e exportador global, em cerca de 46,3 milhões de sacas de 60 kg em 2023/24.
Esse volume representa uma forte recuperação em comparação com a temporada anterior, quando os embarques somaram 35,6 milhões de sacas, após o Brasil sofrer com duas safras baixas devido à seca e geadas, segundo dados do Cecafé.
Aumento significativo nas exportações
O incremento de mais de 10 milhões de sacas de um ano para outro deve ocorrer em meio a “preços excelentes” que estimularam os negócios dos produtores, que estão vendendo seus estoques. As cotações globais têm sido sustentadas pela menor oferta em outros importantes países produtores.
“O Brasil, na nossa opinião, vai ter um recorde de exportação na safra 2023/24. Ainda tem junho… achamos que vai ser a maior exportação da história do Brasil… consequência de estoques que vinham sendo carregados no Brasil, sobretudo na mão do produtor”, afirmou Santana.
No acumulado da safra 2023/24 até abril, a exportação total de café do Brasil soma 39,3 milhões de sacas, comparado a 39,9 milhões de sacas no mesmo período de 2020/21, ano que até o momento detém o recorde histórico, com 45,6 milhões de sacas no ano fechado, segundo dados do Cecafé.
Expectativas para a nova safra
Santana observou que a estrutura do mercado atual, “invertido”, não permite que o exportador mantenha estoques de café. Ele também destacou que a nova safra de café do Brasil, que começou a ser colhida, deverá ser “ligeiramente maior” do que a anterior, o que indica que as exportações continuarão robustas e que os produtores poderão vender seus estoques com tranquilidade.
Impacto da produção de café canéforas
O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, em entrevista à Reuters, mencionou as exportações recordes de café canéforas (conilon e robusta) brasileiros, com o Brasil ganhando mercado de países como Vietnã e Indonésia, à medida que sua safra tem crescido nos últimos anos.
“Arábica, conilon, que vai entrar na história, está todo mundo crescendo”, afirmou ele, lembrando que desde outubro as exportações brasileiras estão fortes.
Embora a exportação brasileira ainda esteja um pouco abaixo do ano recorde anterior (2020/21), Matos destacou que as exportações estão aceleradas e é possível alcançar um novo recorde.
Desafios logísticos
Matos salientou que agora será necessário acompanhar a movimentação do porto de Santos, principal para o escoamento de café do Brasil, e as condições logísticas, que muitas vezes atrasam os embarques.
“Estamos em patamares de safra recorde. Ou empata com 2020/21 — vai depender de como serão os últimos dois meses –, mas é bem provável que vivamos o nosso melhor momento”, afirmou Matos.
Demanda internacional
Participantes do seminário destacaram também a forte demanda pelo café brasileiro, não somente da China, mas de outros países asiáticos, que são novos mercados, impulsionando as exportações.
Com uma perspectiva positiva para o fechamento do ano comercial 2023/24, o Brasil continua a consolidar sua posição como líder mundial na produção e exportação de café, beneficiando-se das condições favoráveis do mercado global e da demanda crescente.