Como funciona a escala de marmoreio na carne bovina?
A escala de marmoreio mais amplamente utilizada no mercado internacional é o Beef Marbling Standard (BMS), que classifica a quantidade de gordura intramuscular presente na carne em uma escala que vai de 1 a 12. A avaliação é feita visualmente por técnicos habilitados, que comparam a distribuição da gordura entre as fibras musculares com uma tabela padronizada.
Após a análise, a nota final é registrada e acompanha os cortes em etiquetas informativas, facilitando a identificação da qualidade pelo consumidor.
Quanto maior o grau de marmoreio, mais macia, suculenta e saborosa será a carne, o que agrega valor ao produto. A classificação segundo o BMS é dividida em quatro tipos principais:
Tipo 4 – Muito bom: Marmoreio de 5 a 7.
Tipo 3 – Bom (média): Marmoreio de 3 a 4.
Tipo 2 – Regular: Marmoreio de 2.
Tipo 1 – Ruim: Marmoreio de 1.
Essa classificação é uma ferramenta essencial para padronizar e diferenciar carnes premium no mercado, como cortes de Angus e Wagyu, mas também começa a ser aplicada a raças zebuínas como o Guzerá, que vêm mostrando resultados surpreendentes.
A Evolução do Guzerá no Mercado de Carnes
A carne do Zebu, especialmente do Guzerá, está ganhando espaço na preferência dos consumidores. A característica do marmoreio, fundamental para maciez e sabor, eleva cortes antes considerados “de segunda” ao status de carne nobre. Leandro Rei da Carne, um dos maiores especialistas em churrasco no Brasil, explica:
Esse resultado surpreendente é fruto de investimentos em pesquisas genéticas e manejo diferenciado. Tradicionalmente, raças zebuínas como Guzerá, Nelore e Gir são conhecidas por sua rusticidade, mas agora estão mostrando que podem competir também no mercado de carnes premium.
O Impacto do Melhoramento Genético
O trabalho realizado por pecuaristas e especialistas em genética tem revolucionado o setor. Além de produzir carne de qualidade superior, o Guzerá se destaca pela sua capacidade de adaptação ao clima tropical e por ser criado em sistemas extensivos, com baixo custo de manejo. Esses fatores tornam a raça uma alternativa economicamente viável e ambientalmente sustentável.
De acordo com Leandro, o desafio está na mudança de percepção do mercado. “O consumidor brasileiro precisa entender que a carne zebuína, especialmente com esses avanços, pode ser tão boa ou até melhor que a carne de raças europeias como o Angus”, ressalta.
O Futuro da Carne Zebuína
Com o marmoreio de 5,5 becas registrado pela novilha Guzerá da Capital, o gado Guzerá não apenas demonstra seu potencial, mas também sinaliza uma possível mudança no padrão de consumo. Se antes a carne premium era sinônimo de raças europeias, agora o Zebu começa a marcar presença nas mesas brasileiras e, possivelmente, no mercado internacional.
A pergunta que fica é: o Zebu pode substituir o Angus? Talvez a resposta não esteja em substituição, mas em complementaridade. Com a evolução do melhoramento genético e mudanças no mercado, o Zebu não só expande as possibilidades para os consumidores como reafirma a força do Brasil como líder na produção de carne bovina.