Conflito tarifário entre Brasil e Estados Unidos põe mercado de etanol em risco
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (13) um memorando que estabelece tarifas recíprocas a países que impõem taxas sobre produtos americanos, citando o etanol brasileiro como exemplo.
A medida visa aplicar tarifas equivalentes às cobradas por outros países sobre importações dos EUA, reforçando a política comercial protecionista de Trump, que defende igualdade nas relações comerciais.
“Queremos um campo nivelado”, declarou o presidente dos EUA.
Embora o memorando não defina tarifas específicas, a diretriz é clara: retaliar parceiros comerciais que dificultem o acesso de produtos americanos. Entre os exemplos para a política de tarifas recíprocas, o governo dos EUA cita o etanol brasileiro.
Setor de etanol critica medida de Trump
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As entidades esperam que estados americanos e a indústria local, comprometidos com o meio ambiente, impeçam o avanço da medida.
“Esperamos que os estados americanos e a indústria local, comprometidos com o combate à mudança do clima, trabalhem para impedir esse retrocesso proposto pelo governo”, concluiu a nota.
Alckmin defende Brasil e etanol
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou que o Brasil não representa um problema comercial para os EUA, destacando o equilíbrio da balança comercial entre os dois países, com exportações e importações de US$ 40 bilhões cada.
“A balança comercial nossa de bens é equilibrada. Nós exportamos US$ 40 bilhões e importamos US$ 40 bilhões”, disse Alckmin em coletiva.
Alckmin ressaltou que, dos dez produtos mais exportados pelo Brasil aos EUA, apenas quatro não são taxados, enquanto oito dos dez principais produtos americanos importados pelo Brasil entram sem tarifas.
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Defendendo o etanol brasileiro, Alckmin destacou seu menor impacto ambiental e sugeriu que cotas de exportação, como as adotadas para o aço em 2018, podem ser uma solução.
“No caso do etanol, primeiro é importante destacar que o etanol do Brasil, ele é de cana-de-açúcar. Ele descarboniza mais, ele tem um terço a menos de pegada de carbono”, disse.
O vice-presidente disse que um dos caminhos de solução poderá ser a adoção de cotas para os produtos brasileiros, assim como ocorreu com o aço, em 2018, quando os EUA também levantaram barreiras comerciais contra o produto.
“No caso do aço, lá atrás, se caminhou para a cota, chamada hard cota, porque acima de um limite não pode entrar. Esse pode ser um dos caminhos, vamos aprofundar todos esses temas”.
Trump mira tarifas em países do Brics
Trump afirmou que países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) podem enfrentar tarifas de até 100% se desafiarem o dólar, ampliando o cenário de tensão comercial.
“Se alguma negociação for aprovada, a tarifa será de 100%, no mínimo”, afirmou Trump em resposta a uma pergunta sobre a possibilidade de os países do Brics criarem sua própria moeda.
A Casa Branca informou que as tarifas recíprocas podem ser aplicadas em semanas, com o objetivo de pressionar países com superávits comerciais elevados a negociar reduções de barreiras.
Entre os alvos, além do Brics, estão China, Japão, Coreia do Sul e União Europeia. Segundo o governo, a ausência de tarifas recíprocas contribuiu para o persistente déficit comercial dos EUA.