Copom eleva a taxa Selic para 12,25% ao ano e antevê novas altas
Órgão justifica a decisão ao considerar o ambiente externo desafiador em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar nesta quarta-feira (11) a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, fixando-a em 12,25% ao ano.
Em nota, o órgão diz entender que a medida é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.
Além disso, o Copom afirmou que diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, antevê ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões, ou seja, convergendo em taxa de 14,25% até fevereiro de 2025.
O que motivou a alta?
O órgão justifica a decisão ao considerar o ambiente externo desafiador em função, principalmente, da conjuntura econômica nos Estados Unidos, “o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos]”.
De acordo com a nota divulgada pelo Conselho, os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. “O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”.
Atividade econômica brasileira
Em relação ao cenário doméstico, o Copom afirma que o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou abertura adicional do hiato.
“A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta para a inflação e apresentaram elevação nas divulgações mais recentes”, destaca a nota.
O órgão salienta que as expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente.
Riscos de alta da inflação
Em função da materialização de riscos, o Comitê avalia que o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior. Persiste, no entanto, uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação.
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se:
- Uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
- Uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e
- Conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
Entre os riscos de baixa, o Copom destaca:
- Desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e
- Os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado
“O Comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, diz a nota do Copom.