Derrubada de árvores em risco de extinção mata abelhas e impacta produção de maracujá e café
Estudo do Instituto Tecnológico Vale considerou seus trechos da Floresta Nacional de Carajás, área de conservação de quase 400 mil hectares
Áreas da Amazônia com maior concentração de árvores ameaçadas de extinção abrigam uma maior diversidade de abelhas. A derrubada dessas árvores pode afetar a polinização de outras áreas, causando efeito cascata em produções como café, maracujá e outros frutos.
Essa é a conclusão de artigo finalizado neste mês pelo Instituto Tecnológico Vale (ITV) e publicado na revista
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A equipe de pesquisa do Instituto Tecnológico da Vale esteve em seis trechos da Floresta Nacional de Carajás, área de conservação ambiental de quase 400 mil hectares localizada no sul do estado do Pará. Eles mediram as características das árvores e coletaram abelhas, por meio de captura e armadilhas instaladas por especialistas em reconhecimento das espécies.
Espécies de abelhas analisadas
No Brasil, são mais de duas mil espécies de abelhas já descritas, e nem todas têm comportamento social, não fazem colmeia nem produzem mel, e por isso elas têm grande variedade de comportamentos.
Segundo Adrian González, principal autor do estudo, foram analisadas sete espécies de árvores com risco de extinção, por serem de regiões que sofrem alteração do ambiente ou que só existem em localidades muito restritas.
González explica que a perda das árvores pode trazer um efeito dominó para culturas que dependem da polinização pelas abelhas (principalmente café e maracujá, mas também outros frutos). Uma dessas perdas poderia ser a das árvores de castanha-do-pará, que depende totalmente da polinização de abelhas.
Como existe uma relação estreita entre a reprodução das árvores e a presença das abelhas que polinizam, os pesquisadores acreditam que as abelhas não estariam atuando como fator de ameaça para as árvores.
Essas árvores são maiores e mais largas, com maior processo de armazenamento de carbono, e atraem abelhas para construir ninhos mais duradouros, o que intensifica a relação de reprodução entre as espécies.
Outra discussão levantada pelos autores do estudo é que a maior presença de madeira mais densa também faz com que as árvores sejam cobiçadas por madeireiros.