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Eleições americanas e crise no Oriente Médio: o que esperar?

Economista explica que combinação de eleição nos EUA e conflito no Oriente Médio são desafios significativos para a economia e o agro

Eleições americanas e crise no Oriente Médio: o que esperar?

Economista explica que combinação de eleição nos EUA e conflito no Oriente Médio são desafios significativos para a economia e o agro

Estados Unidos Bandeira - desemprego - brasil-eua - safra

Em novembro, o mundo ficará sabendo se a maior economia do mundo voltará a ser comandada por Donald Trump, do Partido Republicano, ou pela democrata e atual vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris. As eleições americanas estão marcadas para ocorrer em 5 de novembro, mas apesar da data oficial, eleitores de alguns estados e do Distrito de Colúmbia já podem votar presencialmente ou enviar seus votos pelo correio. 

Nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, é permitido antecipar o voto com as regras para o voto antecipado variando conforme a legislação de cada estado, de acordo com a Constituição americana.

Para o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, as decisões tomadas pelos próximos ocupantes da Casa Branca podem influenciar diretamente setores estratégicos, como o agronegócio brasileiro. Segundo ele, o desfecho das eleições americanas terá um peso importante nas relações comerciais entre os dois países. 

Relações comerciais em jogo

Os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás da China. “No primeiro governo de Donald Trump, vimos medidas que impactaram diretamente o setor siderúrgico brasileiro. Apesar do Brasil não ser um alvo direto, ele pode ser afetado por elevações gerais de tarifas, especialmente no setor agropecuário”, diz. 

Entretanto, o economista pondera que os Estados Unidos, por serem grandes produtores agrícolas, representam uma fatia pequena das exportações primárias brasileiras. Campos Neto explica que itens como carnes, sucos e açúcares são mais relevantes, mas é improvável que sejam alvo de medidas protecionistas, uma vez que o país precisa manter o suprimento interno de alimentos.

“Além do risco de medidas protecionistas, as escolhas no campo fiscal e o impacto sobre a dívida dos Estados Unidos podem influenciar diretamente o crescimento da maior economia do mundo”, explica. Ele ressalta ainda que, caso ocorra uma nova pressão inflacionária e uma manutenção dos juros altos, isso pode se traduzir em um dólar mais valorizado e em taxas de juros elevadas também no Brasil, complicando ainda mais o desempenho da economia brasileira.

Conflito no Oriente Médio e preço do petróleo

Em meio a esse cenário, há o crescimento da tensão no Oriente Médio com o aumento dos confrontos entre Irã, Hezbollah e Israel. A recente troca de ataques entre esses atores reacendeu preocupações internacionais, especialmente após o Irã intensificar sua participação no conflito e o Hezbollah, apoiado pelo regime iraniano, lançar ofensivas contra Israel. 

Após a intensificação do conflito, o preço do petróleo já começou a registrar oscilações, o que, segundo o economista, pode impactar os custos de produção agrícola no Brasil. “O petróleo ainda é um insumo relevante, e a escalada do conflito pode afetar a oferta da commodity”, afirma. No entanto, ele acredita que, no médio prazo, o mercado de petróleo deve registrar um excesso de oferta, o que pode limitar aumentos significativos de preço.

Perspectivas para o agronegócio

De maneira geral, o economista enxerga o atual cenário internacional como desafiador para o agronegócio brasileiro. 

“Um mundo com maiores tensões geopolíticas e protecionismo não é positivo para países emergentes como o Brasil, que são mais suscetíveis a crises globais. O aumento da volatilidade cambial, por exemplo, pode trazer dificuldades no planejamento financeiro de produtores, criando descompassos entre a compra de insumos e a venda da produção”, finaliza.

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