Lorrane Ferreira Silva, Engenheira Agrônoma e Analista da Pátria Agronegócios, oferece uma perspectiva inovadora sobre as estratégias cruciais que os produtores agrícolas podem adotar para enfrentar a imprevisibilidade do mercado em 2024.
O cenário do agronegócio em 2023 tem sido marcado por uma montanha-russa de desafios para os produtores agrícolas, especialmente no Brasil, onde a volatilidade de preços tem sido uma constante em setores cruciais como café, trigo, soja, milho e carne bovina. A entrevista exclusiva conduzida pelo portal Compre Rural com Lorrane Ferreira Silva, Engenheira Agrônoma e Analista da Pátria Agronegócios, revela insights fundamentais sobre como os produtores podem não apenas sobreviver, mas prosperar nesse ambiente dinâmico.
Hedging: Uma ferramenta vital na adaptação ao cenário
A volatilidade nos preços das commodities, intensificada por fatores como a pandemia e eventos geopolíticos, tem sido uma constante no mercado agrícola. Para enfrentar essas incertezas, Silva destaca o papel crucial do hedge, uma estratégia financeira que visa proteger os ativos agrícolas contra grandes variações de preço.
“O mercado agrícola é bastante volátil, e esse cenário pode ser bem observado desde o início da pandemia até o período pós-covid, onde os preços saíram dos quase R$ 200,00/sc e voltaram para o patamar médio de R$ 100,00/sc em grande parte das regiões produtoras do Brasil. Diante desse cenário de incertezas onde o preço oscila entre altas e baixas em um curto espaço de tempo, a melhor forma do produtor se adaptar a esses momentos é utilizando proteções financeiras. Conhecida no mercado como Hedge, essa estratégia tem como objetivo proteger o ativo (soja, milho, boi gordo) diante de grandes variações”, comenta a analista.
O mercado de hedge em commodities, ainda subutilizado por muitos produtores, revela-se uma das melhores estratégias para se proteger contra as oscilações, desde que seja usado de forma sábia e orientada. “Contudo é importante que o produtor que tenha interesse em fazer essa proteção que ele procure profissionais capacitados e que entendam como fazer essas operações, e que indique o melhor momento de entrar em cada uma delas, escolhendo sempre a mais segura e vantajosa diante da vasta quantidade de mercados operantes”, completou Lorrane.
A engenheira ainda ressaltou que a Pátria Agronegócios desempenhou um papel importante em orientar os produtores sobre o uso eficaz desta ferramenta em 2023. “Nesse ano de 2023 posso garantir que a Pátria teve um importante papel na vida de vários produtores que poderão conhecer e se beneficiar dessa ferramenta financeira para se proteger e aumentar sua margem de lucro”, finalizou.
Fatores que impulsionaram a queda nos preços em 2023
Comparando com os recordes de 2022, diversos produtos agrícolas experimentaram uma desaceleração nos preços em 2023. A Engenheira Agrônoma aponta os principais fatores que influenciaram o cenário. “Sabemos que as mais variadas situações podem impactar nos preços das commodities, mas olhando internamente, podemos constatar que os principais fatores que impulsionaram as fortes quedas no primeiro semestre do ano e que ainda impactam nessa reta final de 2023 são a relação entre a oferta e demanda, desvalorização do dólar frente ao Real, questões políticas e momentos pontuais da economia nacional e global”, apontou Silva.
A oferta recorde, resultado de uma safra histórica, inundou o mercado, levando a uma rápida compra por parte dos compradores a preços mais baixos. “Um dos pontos que mais mexeram com o mercado foi a grande oferta desses produtos agrícolas, que devido a safra recorde histórica acabou colocando muito produto disponível no mercado ao mesmo tempo, deixando os compradores em uma posição de conforto onde a compra era feita de forma rápida e a preços mais baixos. Um exemplo disso foi o milho que saiu de quase R$ 100,00/sc e passou a ser comercializado a R$ 40,00/sc em muitas regiões. Vendo esse cenário muitos produtores passaram a restringir a venda do cereal a fim de criar um movimento de novas altas”, ressaltou a analista.
Desafios para os produtores de milho na safrinha de 2024
“O clima não tem colaborado com a semeadura da safra de soja 2023/24 que se encontra com um atraso de 10% em relação ao mesmo período do ano passado e a média de 5 anos. Esse cenário está impactando diretamente na janela de plantio da safrinha 2024 e levantando algumas preocupações, como a redução nas margens de produção, impacto direto nos ganhos do produtor e uma redução nas exportações do cereal, que nesse ano bateram recorde, além de um atraso significativo nas compras dos insumos necessários para a safrinha, que é incerta para muitos produtores”, menciona a engenheira.
Silva destaca a importância de considerar a relação entre custos de produção e preço pago ao tomar decisões para a safrinha, especialmente diante dos altos custos das sementes. “Na hora de tomar as decisões para a safrinha, o produtor tem que levar em consideração fatores como a relação entre os custos de produção e preço pago, haja visto que os preços das sementes estão bem caros. Diante desse cenário de custos altos e variações climáticas, muitos produtores de milho já se anteciparam e decidiram antes mesmo da perda da janela que iam recorrer a outras culturas como o gergelim e o algodão, em especial no Mato Grosso que é responsável pela maior parte da produção de milho safrinha”, completa a especialista.
Impacto da demanda internacional e eventos climáticos na qualidade e oferta de produtos
A demanda do exterior por produtos agrícolas tem aumentado, mas eventos climáticos podem afetar tanto a oferta quanto a qualidade. “A demanda internacional por produtos agrícolas tem se intensificado ano após ano, e 2023 foi a prova real disso. Até o momento mais de 100 milhões de toneladas de soja já foram exportadas. Contudo, os eventos climáticos têm mudado essa situação, isso em decorrência de fatores como redução da produtividade. Neste ano a safra de trigo do RS foi bastante prejudicada pelo excesso de chuva, efeito do El Niño, que acabou prejudicando o desenvolvimento da planta e derrubando a qualidade do trigo, que passa a não ser tão atrativo para o mercado externo”, disse a entrevistada.
Silva destaca que produtores precisam adotar práticas de monitoramento agrícola, usar tecnologias e variedades mais resistentes para enfrentar desafios climáticos. “Sabemos que os produtores de hoje são mais eficientes que os de ontem, mas amanhã eles precisarão ser mais eficientes para se preparar diante dos desafios climáticos que estamos enfrentando. Para se preparar para esses desafios é preciso adotar novas práticas de monitoramento agrícola, uso de tecnologias, utilização de variedades mais resistentes, utilização de proteções financeiras a fim de ajudar no aumento de renda dos produtores diante de um cenário incerto, enfatiza.
Estratégias para lidar com oscilações nos preços das carnes
Diante das oscilações nos preços das carnes, especialmente no contexto internacional, Silva novamente destaca o hedge como a melhor estratégia para os produtores. “A melhor estratégia para os produtores adotarem para lidar com a queda na rentabilidade são as proteções em bolsa (Hedge). Atualmente 75% dos pecuaristas não possuem ou não conhecem como funcionam os mecanismos de proteção e acabam vendendo seu produto direto no balcão. Assim como as ações são negociadas na Bolsa, o boi gordo também pode ser adquirido através dos contratos futuros. E quem negocia esse alvo, acaba evitando as oscilações de preços, tendo a possibilidade de limitar a queda na sua rentabilidade, explica a analista. Assim, a negociação de contratos futuros possibilita evitar as oscilações de preços, permitindo aos produtores limitar a queda na rentabilidade.
Hedge no agronegócio: Protegendo-se contra oscilações de preços
Assim como vimos na entrevista exclusiva com a Lorrane Ferreira Silva, Engenheira Agrônoma e Analista da Pátria Agronegócios, no complexo cenário do agronegócio, as oscilações bruscas nos preços das commodities representam desafios significativos para produtores e participantes desse mercado dinâmico. Para mitigar os riscos associados a fatores como variações climáticas, flutuações na oferta e demanda, e mudanças cambiais, o hedge emerge como uma ferramenta vital de proteção financeira.
O que é Hedge?
O hedge pode ser comparado a uma rede de segurança que abrange tanto operações físicas, como negociações a termo, quanto operações financeiras, incluindo o mercado futuro, mercado de opções e acordos OTC (Over-The-Counter). Em essência, o hedge oferece uma estratégia eficiente para equilibrar os riscos e resultados dos negócios no agronegócio.
Negociação a Termo: Fixando preços antecipadamente
Na negociação a termo, compradores e vendedores acordam previamente o preço físico da mercadoria, proporcionando certeza sobre os valores a serem pagos e recebidos na conclusão do negócio. Essa modalidade oferece estabilidade diante das flutuações de preços no mercado.
Mercado futuro: Proteção financeira na bolsa
O hedge baseado no mercado futuro envolve uma operação financeira, onde o vendedor ou comprador da mercadoria física fixa o preço do produto em uma Bolsa de mercado futuro. Em caso de queda de preço no mercado físico, há ganhos proporcionais no mercado futuro, e vice-versa. Essa estratégia é particularmente útil para produtores rurais que desejam se proteger contra a volatilidade do preço de commodities como a soja.
Mercado de opções: Contratos como seguro contra volatilidade
O hedge com opções oferece uma espécie de seguro contra a volatilidade de preços. Por meio de contratos como o PUT, que funciona como um seguro, os participantes do mercado podem acionar a proteção caso o preço da mercadoria na Bolsa caia abaixo de um valor predeterminado. Essa abordagem permite cobrir potenciais perdas, enquanto, em caso de preços acima do limite estabelecido, o prêmio pago pela opção é perdido.
Operações OTC: Estratégias menos custosas e mais flexíveis
As operações OTC, ou de balcão, são estratégias estruturadas de proteção com menor custo e maior facilidade de financiamento. Essas operações, praticadas nos mercados globais de câmbio e commodities agrícolas, oferecem uma alternativa econômica e eficiente para gerenciar riscos.
Em resumo, o hedge no agronegócio é uma prática essencial para aqueles que buscam estabilidade diante das flutuações de preços. Conhecer e aplicar adequadamente essas estratégias é crucial para garantir a resiliência dos negócios agrícolas em um ambiente tão dinâmico. Seja na negociação a termo, mercado futuro, mercado de opções ou operações OTC, a compreensão do conceito de hedge é um passo fundamental para os participantes do agro que desejam proteger e otimizar seus resultados financeiros.
Conclusão
A entrevista feita pelo portal Compre Rural com Lorrane Ferreira Silva, Engenheira Agrônoma e Analista da Pátria Agronegócios, oferece uma perspectiva inovadora sobre as estratégias cruciais que os produtores agrícolas podem adotar para enfrentar a imprevisibilidade do mercado em 2024. Ao destacar a importância do hedge como uma ferramenta eficaz de proteção financeira, Silva fornece aos agricultores não apenas uma compreensão clara dos desafios enfrentados, mas também uma orientação prática sobre como mitigar riscos e potencializar resultados.
A parceria entre o Pátria Agronegócios e o Compre Rural destaca-se como uma aliança que, além de informar, fornece direcionamentos para que os protagonistas do agronegócio enfrentem os desafios e aproveitem as oportunidades em um ambiente tão volatilizado.