Ferrugem asiática em SP: detecção na soja e ações de controle
A ferrugem asiática da soja foi detectada em São Paulo, e medidas como o uso de cultivares resistentes e fungicidas estão sendo adotadas para controle
A ferrugem asiática da soja foi detectada em lavouras do estado de São Paulo no início da safra 2024/25, com registros de infecção em propriedades comerciais no Sudoeste Paulista, nas cidades de Itaberá e Itapetininga. A doença, causada por um fungo que se espalha pelo vento, é uma das maiores ameaças à soja no Brasil. Com o avanço do plantio, o risco de contágio tem aumentado.
As primeiras detecções de ferrugem ocorreram no final de novembro e início de dezembro, um período crítico para a doença, quando o nível de esporos no ar é alto, especialmente com cerca de 90% da área já plantada. A ferrugem causa desfolha precoce, comprometendo a formação dos grãos e a produtividade das lavouras.
Para controlar a disseminação do fungo, a Defesa Agropecuária Paulista publicou uma resolução com medidas para execução do Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática. Uma das principais ações é a intensificação do vazio sanitário, um período de no mínimo 90 dias, durante o qual não pode haver plantio ou manutenção de plantas vivas de soja para reduzir a população do fungo.
A resolução também exige que todos os produtores de soja no estado façam o cadastro obrigatório de suas áreas, facilitando o monitoramento contínuo e o controle do vazio sanitário. Exceções para o plantio fora do período, como para pesquisas e produção de sementes, também estão previstas.
A Embrapa Soja continua monitorando a evolução da doença e recomenda o uso de cultivares precoces, que reduzem o tempo de exposição ao fungo, além da aplicação de fungicidas. A plataforma Consórcio Antiferrugem disponibiliza informações em tempo real para ajudar os produtores.
Segundo a pesquisadora Claudia Godoy, da Embrapa Soja, a introdução de sistemas de cultivo com duas safras, como a soja-milho ou soja-algodão, tem sido uma alternativa eficaz no controle da ferrugem, devido ao mecanismo de escape proporcionado pelo vazio sanitário. Esse período sem semeadura reduz o inóculo do fungo, permitindo que as lavouras de soja sejam menos suscetíveis à doença.
O desenvolvimento de cultivares precoces, semeadas no final do vazio sanitário, tem sido uma estratégia importante para minimizar os impactos da ferrugem asiática, especialmente nas primeiras semeaduras. Além disso, a introdução de sistemas de cultivo com duas safras, como soja-milho ou soja-algodão, proporciona um mecanismo de escape durante o vazio sanitário, reduzindo a população do fungo e limitando seu avanço.
A ferrugem asiática pode causar perdas de até 100% nas lavouras, mas as ações de manejo, como o uso de cultivares resistentes, o monitoramento contínuo e o respeito ao vazio sanitário, são essenciais para mitigar os danos. O controle eficaz da doença exige a colaboração entre produtores, pesquisadores e órgãos de defesa agropecuária.