Segundo deputado, medida reduziria, inclusive, o preço de proteínas animais.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta semana a Medida Provisória nº1118/22. Em seu parecer sobre a MP, o deputado federal Danilo Forte propôs um cronograma de elevação da mistura de biodiesel ao diesel mineral. A motivação foi a mudança no perfil de importações de dois grandes clientes do Brasil, a China e a Arábia Saudita.
Este item, no entanto, foi excluído por falta de acordo com a bancada governista na Câmara dos Deputados, que alegou a necessidade de uma maior discussão sobre o tema. A MP seguiu para apreciação do Senado Federal.
A iniciativa do deputado, integrante da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), foi mais uma ação em prol de se estabelecer um horizonte de previsibilidade para a produção desse biocombustível, reforçando os reflexos positivos da política nacional do biodiesel.
A FPBio promete dar sequência aos entendimentos com os ministérios e a ANP, agência reguladora do setor de combustíveis e biocombustíveis, no sentido de debater as políticas públicas relacionadas ao biodiesel.
Em nota, a FPBio ressalta que cenários indicam que é estratégico para o Brasil tomar providências com urgência para expandir a produção de biodiesel. Há riscos econômicos, inclusive, para o agronegócio.
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Leia a íntegra da nota:
“Um dos cenários é representado pelo comportamento da China, expressivo importador de commodities brasileiras.
Aquele país pretende aumentar a importação de farelo de soja do Brasil. Esta situação exigirá maior esmagamento de soja. E desse esmagamento resultará, além do farelo, uma maior oferta de óleo de soja.
Essa produção extra para atender à esperada demanda chinesa por mais farelo irá resultar em estoques imensos de óleo, sem que haja destinação econômica definida.
A destinação recomendada é aumentar a produção e a mistura de biodiesel no Brasil. Afinal, cerca de 40% do óleo de soja produzido no país é matéria-prima para a produção do biodiesel.
A Arábia Saudita é outra nação que muda sua pauta de importações em relação ao Brasil. Vai reduzir importações de frango e substituir por importação de soja em grãos. Em razão do custo de importação dessa carne, os sauditas investem para esmagar a soja em seu território para alimentar criação própria.
Ou seja, em vez de o Brasil exportar um produto com mais valor agregado (o frango, que consome soja em sua ração), exportará mais soja in natura.
Se o Brasil contasse com uma política nacional do biodiesel mais favorável à produção desse biocombustível, isso geraria maior impacto para reduzir o preço da carne de frango exportada pelo país aos sauditas a outras nações.
Isso porque, conforme informado anteriormente, a maior produção de biodiesel gera maior oferta de farelo. Este fator força o preço do farelo para baixo, assim como o custo final da ração animal para os produtores de proteína animal suínos, peixes, frangos e ovos.”