O primeiro leilão para compra de arroz realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) terminou com a participação de quatro empresas alheias ao mercado tradicional do cereal. Entre os participantes, havia uma empresa de locação de máquinas agrícolas, uma produtora de queijos registrada em Macapá (AP) e uma pessoa física com 70 processos na Justiça brasileira.
Apesar disso, a Conab considerou o leilão um sucesso, atendendo 87,7% da expectativa de compra de 300 mil toneladas. Apenas dez regiões ficaram sem oferta. Um novo leilão já foi anunciado para a próxima quinta-feira (13/6) para a aquisição do saldo de 36,3 mil toneladas.
“Essa modalidade de leilão não ocorria desde 1987 e foi feita na retomada das funções da Conab de garantir o abastecimento nacional, ao mesmo tempo que precisa proteger o homem e a mulher do campo”, afirmou o presidente da Conab, Edegar Pretto. Ele destacou que, apesar das tentativas de politizar o leilão com oito liminares contra, todas foram derrubadas, permitindo que o processo continuasse.
Pretto reafirmou que os preços do arroz subiram 11% em média em um mês em algumas cidades, conforme a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), mesmo após a colheita ter sido praticamente concluída.
Distribuição e Preço Subsidiado
Thiago dos Santos, diretor de Operações e Abastecimento da Conab, informou que o arroz comprado será distribuído em todo o país em até 45 dias, com o preço subsidiado de R$ 4 o quilo, em embalagens de 5 quilos. Sobre as empresas participantes, Santos afirmou que não é possível identificar de onde trarão o arroz importado nem qual é a participação atual delas no mercado brasileiro.
As empresas precisarão depositar 5% do valor negociado no leilão como garantia à Conab na próxima semana e só receberão o valor acordado após entregarem o lote de mercadoria no armazém determinado pela autarquia. “Esse arroz tem que ser de fora do Brasil, mas tem que estar dentro das prorrogativas sanitárias do país”, garantiu.
Credenciamento e Política de Estoques
Neste leilão, participaram seis bolsas de mercadorias de um total de 13 cadastradas no ano passado pela Conab. Em 2023, a Conab iniciou o trabalho de credenciamento dessas bolsas para ter ferramentas de trabalho com estoques públicos e garantias de preços no futuro.
Apesar desse movimento com o arroz, os dirigentes da Conab garantiram que não há intenção do governo Lula de controlar os preços dos alimentos no país. “Esse arroz não servirá para fazer estoques, será internalizado e distribuído imediatamente. Ele serve para apenas 15 dias de consumo”, acrescentou Sílvio Porto, diretor de Política Agrícola da Conab.
Como já mencionado, o governo Lula pretende retornar com a política de estoques públicos de alimentos, semelhante à praticada entre 2003 e 2015, para garantir o abastecimento ao consumidor e o preço mínimo ao produtor quando ele cair abaixo do determinado pela Conab.