Para ser produtor de café no Brasil é preciso ter fé, amor, resiliência e persistência
Afirmação é do consultor em agronegócio, Lúcio Dias, que realizou uma palestra sobre o mercado de café durante a 28° Fenicafé
As oportunidades e desafios que os produtores de café enfrentam tanto no cenário nacional quanto internacional foram o tema da palestra ministrada pelo produtor e consultor em agronegócio café, Lúcio Dias, que trouxe dicas sobre o mercado de café na 28° Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura (Fenicafé), que acontece até hoje (10), em Araguari (MG).
Lúcio apresentou estratégias que podem ser adotadas para aumentar a competitividade, a sustentabilidade no mercado do café e uma perspectiva para os produtores que buscam se adaptar às mudanças do mercado e fortalecer a competitividade da cafeicultura brasileira.
“Ser produtor rural no Brasil é uma verdadeira religião, é preciso ter fé, amor, resiliência e persistência. Para o café, isso é ainda mais intenso. O mercado é altamente inconstante, e o componente financeiro é enorme. Portanto, a gestão e o planejamento são essenciais para a sustentabilidade da produção”, afirmou.
Com ênfase em qualidade, sustentabilidade e gestão estratégica, o especialista destacou que, apesar das dificuldades econômicas, ainda existem diversas oportunidades para o setor.
Oportunidades para o café
Apesar da volatilidade do mercado, Lúcio destacou que há diversas oportunidades para os produtores que se posicionarem estrategicamente. Para ele, o momento é propício
para os produtores investirem em tecnologias e práticas que tragam mais eficiência e
produtividade.
“Investir em soluções que reduzam custos e aumentem a produtividade é fundamental para o futuro da cafeicultura. O mercado está com boas margens e, como se diz, ‘lucro no bolso não faz mal a ninguém’. Portanto, é o momento de realizar os resultados”, afirmou Lúcio.
O consultor também sugeriu que os cafeicultores busquem alternativas financeiras, como hedge e trocas de parte da produção atual e futura. “Fazer hedge, proteger parte da produção e aproveitar as boas margens de lucro pode ser uma boa estratégia. O mercado está aberto a essas oportunidades, e é hora de realizar os ganhos”, completou.
Posicionamento competitivo
Com consumidores cada vez mais exigentes, Lúcio ressaltou a importância dos produtores se posicionarem de forma competitiva, cuidando da qualidade do café e agregando valor ao produto.
“Os consumidores estão mais conscientes e exigentes sobre o café que consomem. A qualidade deve ser nossa prioridade, e devemos agregar atributos que atendam a essas
expectativas. Conquistamos grandes mercados, mas nossos concorrentes estão ávidos para ocupar o nosso espaço. Manter e cativar nossos clientes deve ser o foco”, explicou.
Sustentabilidade e certificação do café
O conceito de sustentabilidade também foi destacado como uma tendência crescente, com foco na necessidade dos produtores estarem atentos ao controle de qualidade, à produtividade, ao cuidado com o meio ambiente e ao cumprimento das legislações trabalhistas.
“O desafio é agregar valor não só no produto, mas também nas práticas que envolvem a produção, como o respeito à legislação trabalhista e o cuidado com o ser humano e a comunidade. Isso será, sem dúvida, refletido em mais valor monetário para o café e na preferência dos consumidores, afirmou.
Cafés Especiais
Lúcio também chamou atenção para o crescimento do mercado de cafés especiais, detalhando o que é necessário para ingressar nesse setor. Para ele, a produção de cafés especiais exige uma propriedade com características específicas, além de investimentos e desenvolvimento contínuo.

“Para produzir cafés especiais, o próprio nome já diz, tem que ser algo especial. O produtor
precisa ter uma propriedade adequada e uma equipe qualificada para atender as exigências do mercado. A liquidez desse mercado é diferente do café commodity, e, muitas vezes, os prêmios não acompanham a alta dos preços. Por isso, é importante atender ao cliente no momento certo”, informou.
Cenário econômico
O consultor fez um alerta sobre o cenário econômico brasileiro e recomendou que os produtores sejam cautelosos em relação ao endividamento, já que o fortalecimento econômico dos produtores tem sido um fator determinante nas mudanças recentes no mercado.
“O que mudou no mercado ultimamente foi o fortalecimento econômico dos produtores. Ainda assim, é preciso ter cuidado e planejamento financeiro”, concluiu Lúcio.