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Pela terceira vez MST invade fazenda da Embrapa

”Saímos da Embrapa com esse compromisso, com 17 pontos pactuados, e nenhum deles foi cumprido. Agora, voltamos a lutar e a exigir que o governo cumpra a agenda acordada no ano passado”; confira

Em atitude ousada, na noite de domingo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) anunciou a reocupação de uma fazenda da Embrapa em Petrolina, localizada a aproximadamente 700 km de Recife, além da ocupação de outras duas propriedades no estado de Pernambuco. Esta ação marca a terceira vez que o território da Embrapa é invadido, ecoando protestos anteriores do ano passado.

A motivação da ocupação, segundo o MST, decorre do descumprimento por parte do governo federal dos compromissos assumidos com as famílias que desocuparam o imóvel em julho de 2023. Além disso, a invasão ocorre no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT ) busca estreitar as relações com os empresários rurais.

Em vídeo divulgado pelo movimento, Jaime Amorim, da direção nacional do MST, destacou que o acordo com o governo incluía disposições como a destinação de áreas para assentamento das famílias da ocupação, a reintegração da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Petrolina, e realizando levantamentos de áreas de propriedade da Codevasf, Chesf, Dnocs e outros órgãos federais para fins de reforma agrária.

“Só saímos (da fazenda da Embrapa ano passado) com o compromisso do governo federal, assinado em uma agenda para assentar todas as 1.316 famílias acampadas. Saímos da Embrapa com esse compromisso, com 17 pontos pactuados, e nenhum deles foi cumprido Agora voltamos a lutar e a exigir que o governo cumpra a agenda acordada no ano passado”, afirmou Amorim.

Ele criticou ainda o tratamento das questões da reforma agrária no país, descrevendo-o como “irresponsável”. A invasão inicial da fazenda da Embrapa ocorreu há um ano, durante a Luta Nacional Fundiária e pela Reforma Agrária, conhecida como Abril Vermelho, causando atritos com o governo Lula. A segunda ocupação ocorreu em julho, quando os sem-terra assumiram a estrutura montada para a Mostra Semiárido. Essa feira anual, que apresenta novas tecnologias para agricultores familiares da região, costuma atrair mais de 20 mil visitantes de diversos estados do Nordeste.

Além da fazenda da Embrapa, o MST afirma ter ocupado uma área de 1,5 mil hectares da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) utilizada pela Embrapa em Petrolina, e outra área remanescente da Usina Maravilha, na zona norte, parte do estado, que está em processo de desapropriação desde 2014.

Veja o vídeo do Jaime Amorim:

Abril Vermelho

O Abril Vermelho é um momento emblemático para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), marcado por mobilizações e ocupações de terras em todo o país. Este mês é uma homenagem às vítimas do massacre de Eldorado do Carajás, onde 19 sem-terra foram brutalmente assassinados pela polícia militar em 1996.

Para o setor agropecuário, o Abril Vermelho representa uma preocupação, pois as ações do MST muitas vezes envolvem invasões ilegais de propriedades rurais produtivas, causando prejuízos econômicos significativos e gerando insegurança no campo. Ao invés de promover soluções construtivas para os desafios do campo, as ações do MST durante este período são vistas como uma violação dos direitos de propriedade e um obstáculo ao desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro.

 

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