Reserva aumenta taxa de sobrevivência de tartarugas e registra eclosão de 147 ovos
Antes sem proteção e vigilância, local já foi atacado por jacaré
A temporada de eclosão dos ovos de quelônios (tartarugas) começou nas Unidades de Conservação do Amazonas.
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Amapá, na comunidade Rio Novo, em Manicoré (a 332 km de Manaus), os primeiros 147 ovos de cágados ( e Podocnemis erytrocephala) já eclodiram.
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A eclosão é a primeira monitorada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) na Reserva. A RDS tornou-se a 24ª Unidade de Conservação a realizar o trabalho de monitoramento de quelônios. O local escolhido para essa atividade está localizado no km 360 da BR-319.
Segundo o gestor da RDS, Rosivan Moura, a comunidade recebe diversas pressões e ameaças ambientais. Banhado pelo Rio Novo, o local é utilizado como meio de acesso até o interior da reserva, onde há histórico de caça predatória de ovos de quelônios.
“A ideia de trazer a primeira chocadeira para cá foi de tentar sensibilizar e ter um monitoramento dessa área com uma presença maior do governo do estado, dos órgãos de fiscalização, bem como uma participação mais ativa dos parceiros de trabalho, para que nós possamos minimizar os impactos que essa área vem sofrendo”, explicou o gestor.
Montagem da chocadeira de tartarugas
A supervisora do Consórcio Concremat/Hollus e gestora ambiental do DNIT, Karen De Santis, explica como foi processo de planejamento. “Nas reuniões, fomos vendo as necessidades, quais apoios seriam necessários, e chegamos no resultado da montagem da chocadeira, por meio de parceria com a empresa que faz a manutenção da BR-319”.
A capacitação para os trabalhos foi realizada pelos técnicos em monitoramento ambiental da Sema, que unem o conhecimento técnico-científico ao conhecimento popular. Foram ensinados os métodos de coleta, identificação da desova e a maneira correta de depositar os ovos na chocadeira.
Ataque de jacaré
O pescador e primeiro morador do trecho do meio da BR-319, Paulo Nazareth, afirma que tentou trabalhar no monitoramento por conta própria há 20 anos, mas não obteve sucesso. “No tempo que meu filho adoeceu precisei ir para Manaus, tinha um cercado para proteger os cágados. Mas como não tinha ninguém para cuidar deles, um jacaré entrou, arrombou a cerca, e levou os tracajás chocados todos embora”, contou.
Segundo especialistas e técnicos da Sema, a taxa de sobrevivência do quelônio manejado é de 15% a 20%, sendo que, na natureza, esta taxa é entre 0,5% a 2%.
“Enquanto eu existir nesse lugar e for vivo, a minha obrigação é fazer isso. Porque a gente convive com a natureza, e a gente sente muito a perda de um animal desse. A gente vê que está diminuindo as tartarugas. Então temos que trabalhar para recuperar. Têm nossos filhos, nossos netos, a nossa família e eles precisam disso”, completou o pescador.
*Sob supervisão de Victor Faverin
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