Clima foi desfavorável às doenças, com redução do período chuvoso nas principais regiões produtoras de algodão.
A baixa incidência de doenças do algodoeiro está entre os diferenciais da safra 2021/2022, segundo levantamento realizado nas lavouras do Mato Grosso pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT).
O estudo revela, por exemplo, que quase não houve ocorrência da mancha alvo (1%) e que a mancha-de-ramulária manteve-se em torno de 30% de severidade. Na safra anterior, como comparação, o cenário foi de maior pressão da mancha alvo (7%). Já a mancha-de-ramulária atingiu severidade de 40%.
O levantamento foi apresentado para pesquisadores, técnicos e produtores presentes no XIV Encontro Técnico Algodão, promovido pela Fundação MT, no final de agosto, em Cuiabá, como parte do painel “Manejo de Doenças da Cultura do Algodão”.
A apresentação, coordenado pelo pesquisador João Paulo Ascari, da Fundação MT, e participação dos fitopatologistas Fabiano Perina e Luiz Chitarra, da Embrapa Algodão, e das fitopatologistas Mônica Müller e Karla Kudlawiec, da Fundação MT, trouxe uma retrospectiva da última safra.
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Para os pesquisadores, um dos fatores que contribuiu a baixa incidência de pragas foi o clima desfavorável às doenças, com redução do período chuvoso nas principais regiões produtoras de algodão.
Vale lembrar que na safra 2019/20, diante de maior disponibilidade de água durante o ciclo da cultura, com microclima favorável para o desenvolvimento de ambas as doenças, as lavouras chegaram a registrar 50% de incidência da mancha alvo e 32% da Ramulária.
Safra tranquila
“Esta safra, de forma geral, foi tranquila em relação à ramulária, a principal doença do algodoeiro. As condições ambientais não foram favoráveis ao desenvolvimento da doença”, relatou Fabiano Perina.
Ele e Luiz Chitarra apresentaram resultados de pesquisa relativos à ocorrência de doenças na cultura do algodão no Oeste da Bahia e no Mato Grosso, respectivamente, além de dados da Rede Ramulária, coordenada pela Embrapa Algodão.
A rhizoctonia chamou a atenção por conta do excesso de chuvas no início do ciclo, causando redução no estande e necessidade de replantio em algumas áreas”, comentou Perina. Segundo Chitarra foi possível avaliar e identificar, em lavouras de algodoeiro no norte do Mato Grosso, a suscetibilidade de algumas cultivares a mancha alvo.
Recomendações da pesquisa
Entre as orientações para a próxima safra os pesquisadores enfatizaram a necessidade do produtor utilizar as principais estratégias de controle, desde o monitoramento correto da lavoura para tomada de decisões mais efetivas, até o uso de produtos químicos com eficiência comprovada.
Para a rhizoctonia, a recomendação é utilizar um tratamento de sementes com produtos comprovadamente eficientes para o fungo e registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.