Artista vegana, afirmou que para manter as vacas em lactação com o máximo rendimento, as vacas são estupradas ao serem inseminadas artificialmente ano após ano. Tem cabimento esse absurdo?
Em um vídeo com duração de cinco minutos disponibilizado pela revista ArtForum com a artista vegana Sue Coe, referência internacional em ativismo em defesa dos direitos animais, ela conta que sua transição para o veganismo ocorreu nos anos 1970. Até ai, tudo bem. Mas o absurdo colocado aqui em pauta foi quando ela afirmou que: “Animais criados para consumo são estuprados toda vez que são inseminados”. Vamos explicar e entender melhor sobre o tema, para não ficar nenhuma dúvida de que as vacas não são estupradas ao serem inseminadas!
Antes de mais nada, deixamos claro que não estamos colocando em questão ser correto ou errado o fato de ser vegetariano ou vegano, até porque todo alimento vem do campo – setor esse que defendemos e faz parte do nosso sangue. A questão aqui é, em todo caso, mostrar o absurdo que é espalhado por ativistas sem conhecimento.
O que disse a artista e ativista vegana
Sue Coe gosta de definir seu trabalho como “arte para pessoas que estão na linha de frente na luta pelos direitos animais”. Segundo Sue Coe, a libertação animal deve sempre ser encarada como questão de justiça social, o que ela tem afirmado de forma enfática nas últimas décadas.
A absurda afirmação feita por ela, que revolta o setor agropecuário foi: “Os animais criados para consumo são estuprados toda vez que são inseminados. Dizer ‘sinto vontade de estuprar uma criança agora’ seria aceitável em qualquer outro movimento de justiça social? Não. O erro de dar ‘passos de bebê’ em direção ao progresso aconteceu em quase todos os movimentos de justiça social, e a libertação animal não é diferente. No entanto, não pode haver ‘passos de bebê’ nesse movimento porque não há ‘passos de bebê’ para um animal que vai para um matadouro. Eles são bebês e estão sendo massacrados.”
Em pesquisas realizadas, é comum encontrar em outros portais veganos, falas como “a vaca é estuprada constantemente; A inseminação artificial é rotina nas fazendas leiteiras e estressante para o animal; Para mantê-las em lactação com o máximo rendimento, as vacas são estupradas ao serem inseminadas artificialmente ano após ano“. A questão é, da onde foi tirado esse absurdo?
No Brasil, uma publicação em 2019, no Diário Oficial do Estado, a lei 11.140, que institui o código e bem-estar animal do Estado da Paraíba, assombrou o setor com a proibição do uso de inseminação artificial em bovinos. De autoria do deputado Hervázio Bezerra (PSB), o texto trazia em seu inciso IV artigo 59 a proibição de procedimentos que “prejudiquem o ciclo biológico da vaca” sem detalhar quais condições seriam essas.
Confira o vídeo da entrevista com a vegana que afirmou erroneamente que as vacas são estupradas:
Vacas são estupradas ao serem inseminadas? NÃO
A pesquisadora e médica veterinária da Embrapa Gado de Corte, Alessandra Nicácio, diz não acreditar que a inseminação sozinha possa trazer prejuízos ao animal, já que a técnica não manipula o ciclo reprodutivo, mas aproveita o momento ideal observado durante o cio das fêmeas (momento fértil do animal apresentado, em média, a cada 21 dias) . “O procedimento da inseminação, quando bem executado, não causa mal ao animal”, explica.
“Fazer inseminação ou colocá-la junto com um touro não influencia o ciclo biológico da vaca. Há influência quando se trabalha com inseminação artificial em tempo fixo, porque se aplica uma série de hormônios e altera o ciclo da vaca”, ressalta a pesquisadora.
Ainda assim, a pesquisadora destaca que a melhor técnica é justamente a da Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF), uma vez que ela possibilita um intervalo mais adequado para o procedimento e também o agendamento da inseminação.
“A grande vantagem da IATF é que ela não depende do momento do cio da vaca. Você pode juntar 100 vacas e inseminá-las no mesmo dia, dando assim maior agilidade ao processo. Facilita muito o manejo, com animais mais homogêneos, e favorece a desmama dos bezerros no período adequado”, pontua Alessandra ao apontar a IATF como um grande benefício ao produtor.
Atualmente, acredita-se que entre 10 a 12% do rebanho brasileiro seja inseminado artificialmente – metade deles por tempo fixo. “A IATF é um manejo e existe um estresse [inerente] desse [processo]. Por mais que se trabalhe o bem estar animal, há uma linha de agitação ao levá-los para o curral e ao aplicar as injeções hormonais necessárias. A gente não vê isso como mau-trato, é uma atividade corriqueira de aplicação de fármaco”, comenta a pesquisadora.
E você, qual é a sua opinião sobre o assunto? Você trabalha com inseminação na sua propriedade? Você é vegano ou vegetariano e é contra tal procedimento, se sim, por qual motivo? Conte pra gente sobre o tema!