Desembolso do crédito rural tem queda de 31% nos primeiros 3 meses do Plano Safra 24/25
Relatório da Faesp mostra balanço de uso de recursos do programa federal em São Paulo e no Brasil; Pronamp cresceu e Pronaf reduziu
Os produtores rurais do estado de São Paulo desembolsaram R$ 11 bilhões nos três primeiros meses do Plano Safra 2024/2025. O montante representa uma queda de 30,4% ante o mesmo período da temporada anterior.
O dado provém de relatório elaborado pelo Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), com base em dados da Matriz de Dados do Crédito Rural do Banco Central do Brasil.
O documento mostra, também, que o número de contratos no estado caiu de 18,9 mil para 16,4 mil, redução de 13,2%.
Crescimento do Pronamp
No Brasil, o desembolso de crédito rural foi de R$ 112,8 bilhões, redução de 31,1% no valor contratado na comparação com o mesmo período da safra anterior. Também houve diminuição no número de operações, que caiu de 733 mil para 522 mil (-28,8%).
Apesar disso, o relatório mostra que o valor desembolsado via Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) apresentou crescimento tanto no Brasil (+5,8%) quanto em São Paulo (+10,8%), com aumento nas contratações.
Em contrapartida, o valor contratado via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e agricultura empresarial registrou queda nos cenários nacional e paulista.
Para a Faesp, uma possível explicação para a queda no desembolso do Pronaf e aumento no do Pronamp é a migração de produtores de um programa para o outro por conta da faixa de renda.
“Como não houve elevação da Renda Bruta Familiar (RBF) de enquadramento na Agricultura Familiar nesta safra, atualmente em R$ 500 mil, produtores anteriormente enquadrados no Pronaf podem agora estar sendo enquadrados no Pronamp”, diz trecho do documento da Federação.
Uso do crédito rural do Plano Safra
Em termos de finalidade do crédito considerando os produtores de todo o país, o relatório aponta os seguintes usos:
- 65,5%, o equivalente a R$ 73,8 bilhões, foram destinados às operações de custeio;
- 18% (R$ 20,3 bilhões) às iniciativas de investimento;
- 7,4% (R$ 8,3 bilhões) às operações de industrialização; e
- 9,1% (R$ 10,3 bilhões) à comercialização
Em comparação com a safra anterior, o relatório da Faesp aponta que houve redução tanto no valor desembolsado como no número de contratos realizados, em todas as finalidades.
Na avaliação por programas de investimento, dois se destacam com o maior valor desembolsado:
- Moderfrota (R$ 1,85 bilhão)
- Renovagro (R$ 1,96 bilhão)
Apesar disso, esses dois programas apresentaram redução no valor contratado, de 52,7% e 37,4%, respectivamente. Os demais programas também registraram queda no montante desembolsado, assim como no número de operações realizadas.
Redução de operações e de valores
Para a Faesp, ainda que representantes do Banco Central aleguem que há operações em trânsito que não foram devidamente lançadas, “o fato é que os dados do primeiro trimestre desta safra, vis-à-vis à safra 2023/24, mostram redução no número de operações e no valor emprestado”.
Assim, para a entidade, com base em levantamento de campo, avalia-se que as contratações estão em ritmo mais lento devido à dificuldade de os produtores apresentarem garantias, existência de operações ativas (inadimplentes ou repactuadas), redução do limite de crédito dos tomadores e menor propensão a tomada de crédito pelos produtores, principalmente para investimento, em virtude do menor preço das commodities e compressão das margens.