Para pesquisador da Embrapa, “domínio tecnólogico não é mais entrave”.
O Brasil está com a “faca e o queijo” nas mãos quando o assunto é a diversificação de matérias-primas para ampliar a produção de biodiesel.
Quem descreve esse cenário de potencialidade é o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, ao analisar os 17 criação do Programa Nacional de Produção de Uso de Biodiesel (PNPB).
““O domínio tecnológico não é mais entrave, como foi no passado, para a expansão do cultivo de oleaginosas alternativas no Brasil”, assegura o pesquisador para quem o maior desafio hoje é construir uma nova mentalidade nos produtores.
Um exemplo?
De acordo com Laviola, se o Brasil avançar 5 milhões de ha no cultivo de oleaginosas alternativas à soja, até 2030, abria um potencial de 3 a 3,5 bilhões de litros de óleos vegetais para o mercado.
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“Se plantássemos a canola como safrinha em 10% da área de soja, o que equivale a 4 milhões de ha, teríamos um potencial de produção acima de 3 bilhões de litros de óleo para serem usados na produção de biodiesel”, exemplifica.
Para ele, a canola seria uma opção de safrinha na região Centro-Sul e de transição do Cerrado no Nordeste e a Palma de óleo (Dendê) uma alternativa para as regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Reunião Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel
Laviola participou nesta quinta (dia 15) da 45° Reunião Ordinária da Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel, sediada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília (DF).
E também citou a macaúba como cultivo potencial para sistemas integrados de produção e áreas de pastagens, áreas não utilizadas para a produção de grãos e áreas de reserva ambiental.
Ainda segundo o pesquisado, a soja continua sendo a única matéria-prima com escala de produção e aumento da área cultivada nos últimos anos e que, embora outras oleaginosas tenham ganhado em domínio tecnológico, não houve ganho em escala de produção suficiente para diversificar a matriz usada na produção de biodiesel.
Dados apresentados pelo pesquisador mostram que a soja é plantada em cerca de 40 milhões de hectares no Brasil, seguido pelo algodão, como 1,7 milhão de hectares, e as demais oleaginosas com menos de 300 mil hectares no total.
Selo Biocombustível Social
Para o pesquisador, é preciso utilizar o conhecimento e as tecnologias disponíveis em prol do desenvolvimento da cadeia produtiva de oleaginosas alternativas, tais como macaúba, canola, palma de óleo e outras, para ganhar escala de produção suficiente e atender a demanda de óleo para biodiesel e outros biocombustíveis, como SAF (Sustainable Aviation Fuel) e Diesel Verde.
“Precisamos de políticas públicas para dar suporte ao desenvolvimento de cadeias produtivas de oleaginosas no País”, disse Laviola, citando como exemplo o Selo Biocombustível Social, que dá suporte a parcerias público-privadas para o desenvolvimento de cadeias produtivas em diferentes regiões.
Outra sugestão é a formulação de uma política pública para o estabelecimento de regiões ambientalmente homogêneas no Brasil, com base em Inteligência Territorial Estratégica (ITE), no Zoneamento de Risco Climático (ZARC) e em Boas Práticas Agrícolas (BPA), para assegurar o crescimento da produção de óleo em bases sustentáveis.
“É possível contribuir com a elaboração de um modelo para regiões homogêneas a fim de aumentar a produção de grãos e a rastreabilidade para a produção de matéria-prima para o biodiesel”, concluiu.